domingo, 27 de novembro de 2011

Carol


Há algum tempo frequento um sebo no Centro Histórico do Rio de Janeiro, perto da Praça Tiradentes. Nunca foi segredo para ninguém que livros é uma das minhas grandes paixões. Sempre que posso dedico algumas horas em meio a infinitas estantes altissímas, sempre abarrotadas de romances, crônicas, contos... histórias. Esse ambiente de antiquário me faz bem, sinto-me transportado para o início da República, quando televisão e internet eram coisas inimagináveis, e as pessoas utilizavam outros meios de diversão, como o teatro e a literatura.

Nesse lugar, rodeado de livros empoeirados, sinto-me um verdadeiro arqueólogo do saber. Folheio, garimpo, separo, faço triagens sempre que necessário, enfim. É como se estivesse em um campo arqueológico, em plena escavação. E sempre acabo fazendo descobertas espetaculares.

O melhor de livros de sebos é poder ter acesso à informações tão pessoais dos antigos donos. Informações que, berrantes, praticamente saltam das páginas, revelando um pouco da personalidade desses amantes de livros. Palavras sinceras, dedicatórias emocionadas, anotações dispersas em páginas, notas, números de telefones, marcadores... tudo pode ser encontrado no interior de um livro usado. É como se o livro não servisse apenas de guardião das histórias contadas pelo autor, como se ele também guardasse um pouco da história de cada um que se entrega à sua leitura.

Há algo que deve ser dito sobre esse sebo perto da Praça Tiradentes. Ele é habitado por uma incrível criatura, sempre simpática e atenciosa ao atender os clientes. Seu nome é Carol, uma gatinha de pelos branco-acinzentados, sempre macios e escovados. Um pouco gorducha, não muito. Carol é a grande rainha daquela espaço. Passeia entre os livros, pede carinho, ou simplesmente tira longas sonecas. O importante é que Carol reina naquele espaço. É segura de si, domina o ambiente e conquista alguns fãs.

Um dos fãs de Carol sou eu. Já faz algum tempo que descobri esse carinho pelos gatos, criaturas inteligentes, doceis e um pouco misteriosas. Essa felina parece sentir que gosto de gatos, pois toda vez que vou ao sebo ela vem me recepcionar alegremente. Ali passo algum tempo, acariciando Carol e lendo romances, ao som de um ronronar incessante.

Carol e Xiwu, uma gatinha preto e branca que falarei mais tarde, que me inspiraram a criar esse Blog. O mérito é todo delas leitores. Por aqui falarei sobre gatos e livros; às vezes apenas de gatos, outras apenas de livros ou sobre as duas coisas juntas. Que pelos e letras jamais faltem a esse Blog e a todos que lerem essas palavras.